Moradores de condomínio se assustam ao receberem contas de água de até R$190 mil no litoral de SP
02/06/2025
(Foto: Reprodução) Moradores do condomínio Enseada das Orquídeas, em Santos, no litoral de São Paulo, estão preocupados com as cobranças indevidas. Sabesp diz que o erro foi do fornecedor de medição individualizada contratado pelo edifício. Moradores recebe conta d'água de mais de R$190 mil, em Santos, SP
Arquivo pessoal/Wagner da Silva
Moradores do condomínio Enseada das Orquídeas, em Santos, no litoral de São Paulo, têm enfrentado um problema recorrente e preocupante: cobranças abusivas nas contas d'água e esgoto. Em um dos casos mais extremos, um dos moradores recebeu uma fatura no valor de R$ 190.979,79 — montante que foi posteriormente corrigido.
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O propagandista médico, de 58 anos, Wagner da Silva, que utiliza o apartamento apenas como residência de veraneio, relata que sua rotina de consumo sempre foi baixa. “O meu consumo, normalmente, era de 9 metros cúbicos por mês. Sempre paguei o mínimo, cerca de R$ 76”, contou.
No entanto, em abril deste ano, ele recebeu uma cobrança de mais de R$ 1.000 referente a um consumo de 71 metros cúbicos — número incompatível com o uso esporádico do imóvel, que fica vazio durante a semana.
A situação levou Wagner a questionar outros moradores em um grupo de WhatsApp do condomínio. A resposta o surpreendeu: ele não era o único. “Várias pessoas se apresentaram dizendo que também haviam recebido contas absurdas. Foi aí que eu soube do histórico de problemas com a empresa Laager, que foi contratada para fazer a gestão das contas”, disse ele.
Segundo o morador, a Laager, empresa contratada para individualizar e fazer a leitura dos hidrômetros, é credenciada pela Sabesp através de um programa. Ela é responsável por calcular e repassar os consumos individuais para a Sabesp, que então emite as contas. Porém, segundo Wagner, quando erros ocorrem, começa um verdadeiro “jogo de empurra”
“A Laager se isenta, diz que é vazamento. A Sabesp também se exime, diz que apenas emite as contas. No meu caso, não tem como ser vazamento, porque o registro geral fica fechado quando não estou lá. Eu só abro quando vou usar o apartamento”, afirmou.
O problema chegou ao ápice em maio, quando Wagner recebeu a conta de quase R$ 191 mil. Com um inquilino recém-instalado no imóvel, ele temeu que o não pagamento levasse ao corte de água, o que prejudicaria seu contrato de locação.
Sem saída, ele buscou ajuda com o síndico, que conseguiu interceder por meio de um contato interno na Sabesp. A fatura, então, foi corrigida para R$ 156, valor condizente com o consumo real do período. Apesar do alívio, Wagner lamenta a falta de transparência e suporte.
“Cria-se um ambiente de insegurança. E o pior: cada morador tem que correr atrás sozinho. Nem o síndico consegue acesso às informações por causa da lei de proteção de dados.”
Wagner afirma que um grupo de cerca de 40 moradores se organizou e já entrou com ação judicial contra a Laager. A maioria relata cobranças incoerentes e falta de resposta por parte da empresa. “Essas aberrações, como a minha conta de R$ 191 mil, não têm justificativa. É inadmissível”, afirma Wagner.
Em nota, a Sabesp disse que as faturas do condomínio, localizado no bairro José Menino, estão em análise para ajuste, em razão do erro do fornecedor de medição individualizada contratado pelo edifício. A Companhia enviará as novas faturas aos clientes.
O g1 entrou em contato com a empresa Laager, que informou que irá enviar um posicionamento sobre o caso, mas não o fez até a publicação desta reportagem.
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